18 maio 2012

Epitáfio para a mosca I Hermes Machado


Epitáfio para a mosca I Recanto das Letras - audio na voz do autor

Zunia. Voava rasteira procurando o melhor ângulo para arremeter-se sobre a vítima. Era tinhosa. E se o sangue do escolhido fosse novo, tanto melhor seria a refeição. Antes, alardeava nos ouvidos do alvo c’um zumbido falastrado. Agredia de tal modo que a presa aturdida desistia. Impossível resistir ao inseto desprezível. Um zum-zum-zum que incomodava. Primeiro atordoava, rememorando falsas façanhas passadas. Então, descia o ferro naquele que julgasse seu objeto de arrepelação. Não, decididamente não era ferrão, pois o zunido que pensava ecoar antes da investida, era zunido sem eco. Era mosca amesquinhada. Seu lema: ziguezaguear e cutucar. Pena que era descuidada. Seu fim: Uma sala forrada de gente. Noite quente. Abafada? Nesse dia, muito mais para a mosca que... Súbito, plac! Eis o epitáfio para sua lápide: “Num único estalido deu seu ultimo zunido nas mãos de Deus.” 

Zunia. Voava rasteira procurando o melhor ângulo para arremeter-se sobre a vítima. Era tinhosa. E se o sangue do escolhido fosse novo, tanto melhor seria a refeição. Antes, alardeava nos ouvidos do alvo c’um zumbido falastrado. Agredia de tal modo que a presa aturdida desistia. Impossível resistir ao inseto desprezível. Um zum-zum-zum que incomodava.
Hermes Machado é escritor paulistano que vive na Baixada Santista. Antes de iniciar a carreira literária atuou como guia para congressos nos Estados Unidos, foi executivo de empresas e gestor de negócio próprio. É autor do romance Vitória na XXV, possui contos e crônicas em sites e jornais impressos no Brasil e exterior.


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